quarta-feira, 27 de março de 2013

Cara-dourada na área do dourado: consequência do tráfico de micos-leões

“Cada macaco no seu galho. Levando ao pé da letra o velho ditado popular, especialistas em primatas estão transferindo micos-leões-da-cara-dourada, que correm risco de extinção, de Niterói para o Sul da Bahia, seu habitat natural.

Mico-leão-da-cara-dourada em telhado de  Niterói
Foto: Ana Pimenta

Estudos recomendam a sua remoção porque essa espécie é tida como invasora em Niterói. Eles chegaram à região há cerca de dez anos, por causa do tráfico de animais ou acidentalmente, e já somaram mais de 200 indivíduos, divididos em 30 grupos, segundo pesquisas.

De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, 104 animais já foram capturados em armadilhas especiais que não os deixam feridos. Destes, 66 já foram “repatriados”, 17 se encontram em quarentena e outros 21 ainda estão se recuperando de doenças típicas da espécie.

“A ação é inédita no Brasil e necessária para evitar reprodução entre animais de espécies semelhantes, como o mico-leão-dourado, natural da região. O nascimento de animais híbridos pode causar desequilíbrio ecológico e até dizimar as duas espécies”, justificou Minc.”
– texto da matéria “Micos são 'repatriados' de Niterói para a Bahia”, publicada em 22 de março de 2013 pelo jornal O Dia

Dentre as muitas consequências do tráfico de animais, a introdução de espécies em ecossistemas é uma delas. E os problemas provocados são muitos, como a competição por alimentos podendo prejudicar uma espécie nativa, a predação (tanto da que foi introduzida quanto a promovida por ela), a transmissão de doenças e tantas outras. No caso dos dois micos-leões, o da-cara-dourada e o dourado, há ainda a possibilidade do cruzamento proporcionando o nascimento de híbridos – que seria mais uma população problema.

O caso envolvendo os primatas foi noticiado pelo fato de as espécies chamarem a atenção, serem cativantes. Mas o fenômeno causado pelo tráfico de fauna ocorre diariamente, principalmente com aves.
É comum encontrar, nas residências de todo o país, aves das mais diversas regiões do país. Em São Paulo, aves vindas do Nordeste são comercializadas ilegalmente em feiras. Quantos não devem ter escapado ou terem sido soltas? Esse problema já ocorre em Porto Alegre, com os papagaios-verdadeiros:

“Agora, técnicos do Ibama e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente tentam encontrar alguma forma de retirar esses papagaios da cidade.

“Os técnicos já sabem que o grande número de árvores frutíferas de Porto Alegre facilitou a permanência dos papagaios na cidade. Agora é preciso descobrir quantos eles são. Depois vem a parte mais difícil, que é recapturar a maior quantidade possível de aves para devolvê-las ao local de origem.

Papagaio-verdadeiro em Porto Alegre
Foto: Cesar Cardia

Isso vai ser feito para manter o equilíbrio da fauna, já que os papagaios-verdadeiros podem se tornar uma ameaça para as espécies nativas.

“Esse animal se comporta como invasor aqui. Imagina 30, 40 papagaios chegando em uma árvore frutífera. Qual passarinho vai chegar ali e tentar se alimentar? Não vai conseguir”, diz. (Paulo Wagner, do Ibama do RS)”
– trecho do posto “Começar a semana pensando...” publicado no Fauna News em 30 de julho de 2012

As consequências do tráfico de animais vão além da crueldade e do impacto na população da espécie comercializada no mercado negro. Pense nisso.

- Leia a matéria completa de O Dia
- Releia o post do Fauna News “Começar a semana pensando”, de 30 de julho de 2012

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