quarta-feira, 13 de julho de 2011

A dolorosa morte de animais pelo fogo agrícola... e o fim das queimadas nos canaviais paulistas só ocorrerá em 2017

Matérias feitas pela TV Record e pela TV Globo salientaram o drama vivido por animais silvestres vítimas de queimadas promovidas pelo homem, principalmente para a colheita da cana-de-açúcar no território paulista. Em abordagens diferentes – a da Record, mais positiva, e a da Globo, mais crítica -, o trabalho das emissoras aponta para o descaso no trato com a vida animal já que, com certeza, há falhas nos procedimentos de queimadas controladas.

Na matéria da Record, veiculada em 1º de julho de 2011, o trabalho do hospital veterinário do campus de Jaboticabal da Universidade Estadual Paulista (Unesp) é o foco. De acordo com a matéria, Em 15 anos, o número de atendidos saltou de 40 a 300 por ano, sendo as queimadas (tanto em canaviais como em mata nativa) a principal causa.


Onça-parda c quemada em canavial na região de Assis (SP), em 2009

Apesar da tragédia, a boa notícia é que 80% dos bichos atendidos se recuperam. Mas, a grande falha na apuração está em não levantar a quantidade desses animais que volta à natureza e a cumprir sua função biológica. Afinal, animal em cativeiro está morto para seu ecossistema...

A matéria da TV Globo, veiculada pelo Jornal Hoje de 08 de julho de 2011, foi mais crítica e mostrou, com imagens fortes, o sofrimento dos animais queimados em canaviais do interior paulista e da falta do cumprimento de procedimentos no trabalho com fogo controlado em agricultura.

“No ano passado, uma associação que cuida de animais selvagens recebeu mais de 150 vítimas de incêndios. Só 45 sobreviveram. Muitos viviam em reservas de preservação ambiental, destruídas por queimadas feitas em canaviais vizinhos.” – texto da matéria da Globo

Filhote de onça-parda queimado em canavial citado pela Globo
Imagem: Reprodução/TV Globo

E a consequência da queimadas não está apenas nas vítimas diretas do contato com o fogo (que chega a elevar a temperatura para até 800° C).

“Para se proteger do fogo, as aves estão mudando de comportamento. Segundo os biólogos, algumas espécies conseguiram até antecipar em três, quatro meses o ciclo de reprodução. “Elas já estão fazendo ninho e começando a colocar os ovos agora no inverno, antes da entrada da primavera”, explica o biólogo  Aguinaldo Marinho.

Mas nem todos conseguem se adaptar. Alguns pássaros, como a siriema e o gavião nem tentam mais procriar. “Às vezes, elas passam um, dois anos, sem fazer a postura e chocagem de ovos, porque sabem que se continuar assim, se um filhote nascer, não vai sobreviver", relata.

Muitos bichos fogem para as cidades, onde são atacados por cachorros ou moradores. Afinal alguns são perigosos. Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, os ataques de cobras, aranhas e escorpiões mais que dobraram na última década. Em 2000 foram sete mil ataques. Em 2010 o número saltou para 14 mil.”
– texto da Globo


Canavial em chamas: temperatura chega a 800°C

A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo lançou este ano a Operação Corta Fogo, que “tem por objetivo proteger as áreas de cobertura vegetal contra incêndios, proteger os recursos naturais, desenvolver alternativas seguras ao uso do fogo, quando legalmente autorizado.(...) A operação prevê a integração das ações de prevenção, monitoramento, controle e combate a incêndios florestais, que serão coordenadas pela Secretaria de Meio Ambiente em conjunto com Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Municípios e Casa Militar.”

Espera-se que a ação do governo paulista atente também para a fauna silvestre (que em grande número invade áreas plantadas) e não apenas parra a perda de vegetação nativa ou a emissão de poluentes na atmosfera. O fim total da queima da cana-de-açúcar em São Paulo está previsto só para 2017 – apesar de que a Lei Estadual 11.241 de 2002 determinava o término apenas para 2031.

“As usinas, pelo acordo assinado com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA e Secretaria de Agricultura e Abastecimento – SAA, tinham que mecanizar 70% das áreas próprias colhidas de cana-de-açúcar. Já os fornecedores deveriam alcançar a marca de 20%, para o mesmo período. De acordo com o balanço da safra 2010/2011, as usinas mecanizaram 70,3% e os fornecedores 21,1% das suas áreas colhidas. Os terceirizados representam 30% da área cultivada no Estado.

O balanço apontou que dos 4.728.133 hectares de cana, 2.627.023 ha foram colhidos por máquinas. Pelo protocolo, a partir de 2014 as áreas mecanizáveis não poderão mais utilizar a queima. Em 2017, não haverá em nenhuma área.”
– matéria do site da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo

- Leia a matéria do portal R7 sobre a matéria da TV Record.
- Leia a matéria da TV Globo.
- Informe-se sobe a Operação Corta Fogo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
- Saiba mais sobre o fim da queima da cana-de-açúcar em território paulista – site da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

- Assista à materia da TV Record:




- Assista à matéria da TV Globo:

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