quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tigres: muito perto da extinção

Em “Para não dizer que acontece somente longe de casa...”, citei o tráfico de partes de tigres, principalmente para a China e Rússia. Nesse texto, aproximei as realidades das matanças de animais silvestres na África e no Brasil que, apesar de contextos diferentes, têm nos grandes felinos preciosas vítimas. Como li e guardei algumas matérias sobre o assunto, resolvi apresentar um pouco das informações que chegaram à imprensa brasileira.

Atualmente, partes de tigres, como peles e garras, são bastante valiosas na China – de acordo com matérias veiculadas nos suplementos do The New York Times publicados em 22 de fevereiro e 22 de março de 2010 na Folha de S. Paulo. Cada pele chega a custar US$ 20 mil e uma pata US$ 1.000. O comércio ilegal e lucrativo tem causado a queda da população mundial desses animais, estimada em 1.400 animais (metade da registrada há 10 anos e uma pequena fração dos 100 mil que viviam na Ásia no início do século 20).

Foto: site www.imagensgratis.com.br

Em recente matéria publicada pela revista Terra da Gente (“Imperador Ameaçado”), edição de novembro de 2010, a situação dos tigres é um pouco melhor: seriam 3.200 animais livres na natureza (havendo apenas mil fêmeas prontas para reprodução) – dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês).

Além da óbvia redução do hábitat promovida pela ocupação humana, a pressão sobre as seis subespécies não extintas (outras três já não existem mais – tigre-de-bali, tigre-de-java e tigre-do-cáspio ou tigre-presa) é muito motivada pela seguinte anatomia da medicina tradicional e da evocação por proteção sobrenatural:

- bigodes: em Sumatra, acredita-se que trazem boa sorte e protegem contra maldições;
- caninos: usados em joias para atrair sorte e proteção;
- cauda: usada para tratar doenças de pele na China;
- olhos: usados para tratar epilepsia;
- ossos: usados na medicina chinesa;
- osso da pata dianteira direita: em Sumatra, é usado para tratar dores de cabeça;
- patas: adornadas com ouro para atrair sorte e proteção (Sumatra);
- pênis: acredita-se que promova virilidade e vitalidade, sendo muitas vezes imerso em tônicos ou em álcool (China);
- peles: pequenos pedaços são usados para a proteção contra magia negra e xamãs podem usá-las para fazer feitiços (Sumatra). No Tibete, a pele serve para fazer roupas cerimoniais.

Para quem deseja saber mais sobre a questão do tráfico de animais na Ásia, recomendo a matéria "O tráfico da vida", publicada na edição de janeiro de 2010 da National Geographic Brasil.

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